terça-feira, 23 de julho de 2013

“Será uma grande produção”, diz autor de próxima minissérie bíblica da Record

OS MILAGRES DE JESUS
Renato Modesto, autor de "Os Milagres de Jesus"
Renato Modesto, autor de “Os Milagres de Jesus”
Podendo ser chamado de “reestruturação” ou “crise”, o atual momento da Record já vitimou centenas de profissionais e causou o adiamento de algumas produções. Em meio aos escombros, porém, um projeto segue inabalável.
Prevista para estrear em janeiro do ano que vem, “Os Milagres de Jesus” será uma série de 18 episódios e incontáveis emoções. Apesar da presença de Cristo como personagem central, esqueça de todos os filmes sobre o Mestre que você já assistiu. Para compreender a série, você precisará desviar o foco.

Falando em primeira mão sobre a produção, Modesto conversou com o
 RD1 e, num papo profundo, expôs suas expectativas para a série que abrirá a programação 2014 da Record e, de quebra, marcará sua estreia como autor titular. Como será a sensação de escrever sobre o Mestre?Na obra do autor Renato Modesto, são os agraciados, e não o Senhor da Graça, que atuam como grandes protagonistas. Com histórias que serão uma espécie de ‘extensão dramatúrgica’ dos Evangelhos, a produção nasce cercada de esmero e promete reunir um elenco que mesclará juventude e experiência.
Confira:
RD1 - Você foi co-autor de “Máscaras”, novela amplamente criticada pela imprensa e que amargou baixos índices de audiência. Em sua opinião, por que “Máscaras” não decolou? E, aproveitando o ensejo, um autor se desanima ao ver seu folhetim ter problemas dessa natureza?
Renato Modesto - O autor de “Máscaras”, Lauro César Muniz, é um artista inquieto, exigente, inconformado com a mesmice e o lugar-comum, sempre em busca da inovação, da provocação intelectual, da arte acima da mera indústria do entretenimento. É um dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira e, embora tenhamos estilos bastante diferentes, foi uma honra para mim ser seu co-autor
A novela não decolou na audiência por vários fatores, mas vou destacar os que considero mais graves. A primeira fase da narrativa era muito densa, o que pode ter incomodado parte do público. Foram apresentados muitos mistérios iniciais e houve certa demora em apresentar soluções que tornassem a trama mais clara para o espectador. Também pesaram problemas de realização, pois a produção era grandiosa e o tempo curto, o que resultou em cenas com um impacto aquém de seu potencial.
Ficamos, naturalmente, preocupados e tristes com os problemas enfrentados, mas nunca desanimados. Apesar das dificuldades, “Máscaras” teve o mérito de ser ousada, de fugir ao padrão, de mostrar que é possível inovar e provocar questionamentos, mesmo dentro de um formato tão tradicional como a telenovela.
RD1 - Conte-nos um pouco sobre a estrutura narrativa de “Os Milagres de Jesus”. Os episódios terão tramas independentes ou interligadas? O foco maior será no Jesus realizador de milagres ou nas pessoas que os receberam?
Renato Modesto - “Os Milagres de Jesus” é uma série composta por dezoito episódios. Eles contam histórias fechadas, cada uma inspirada num milagre realizado por Jesus. Embora sejam tramas independentes, existe uma ligação em termos de estrutura e tom narrativo, dando unidade à série. A grande originalidade do projeto é ter seu principal foco dramático sobre aqueles que receberam os milagres, as pessoas comuns que tiveram suas vidas transformadas por Jesus. No Evangelho, os milagres são descritos de forma rápida, alguns são narrados em quatro ou cinco versículos apenas. Meu desafio foi inventar a partir daí toda a vida e as aventuras dos personagens que receberam suas curas. Claro que, mesmo não sendo os protagonistas como de costume, Jesus e os discípulos permanecem como personagens marcantes e fundamentais.
RD1 - Você já tem em mente alguns nomes para o elenco da minissérie? Pode nos adiantar alguma coisa?
Renato Modesto - Estão sendo realizados testes de elenco em São Paulo e no Rio de Janeiro. Como ainda não estão concluídos, não tenho como adiantar nomes da escalação. De qualquer modo, como teremos muitos personagens importantes em dezoito telefilmes diferentes, a proposta é usar, além de grandes nomes do elenco fixo da Record, atores vindos do teatro paulista e carioca.
RD1 - Este será seu primeiro trabalho como autor principal. Bate uma ansiedade? Quais são suas metas pessoais para esse projeto?
Renato Modesto - Mais do que ansioso, estou imensamente feliz por viver esse importante momento da minha carreira. É bom ser autor principal porque nesta condição tenho a oportunidade de desenvolver projetos próprios com maior liberdade. Claro que sem esquecer que o trabalho em teledramaturgia é sempre realizado em equipe. Aposto no sucesso deste projeto porque estou cercado de profissionais competentes e apaixonados pelo que fazem, como o diretor João Camargo e a produtora Maria Clara Fernandez, entre vários outros. Nossas metas são comuns: acima de tudo, permitir que a Record leve ao público o melhor conteúdo, com a mais alta qualidade técnica.
RD1 - Você escreverá sobre Cristo e é inevitável querer saber qual é sua visão sobre Ele. Você é cristão, Renato? Acredita no Jesus retratado pela Bíblia?
Renato Modesto - Sou cristão e tenho muita fé. Acredito em Jesus e procuro seguir seus ensinamentos na minha vida diária. É uma satisfação imensa ter a oportunidade de escrever sobre esse tema.
RD1 - É verdade que, na minissérie, o rosto de Jesus nunca aparecerá? Como isso será possível?
Renato Modesto - Como os protagonistas dos episódios são aqueles que receberam os milagres, Jesus será sempre mostrado com parcimônia, em momentos-chave da narrativa. Quanto à dosagem do que será revelado ou ocultado da figura de Jesus, a decisão caberá à direção.
RD1 - Na Globo, você participou como co-autor de tramas como “Desejo Proibido” e “Araguaia”. Como você avalia sua trajetória na emissora? Qual foi seu trabalho favorito em sua antiga Casa?
Renato Modesto - Fiquei treze anos trabalhando na Globo e guardo ótimas recordações desse período. Lá escrevi três novelas com o grande autor Walther Negrão, a primeira como colaborador e outras duas como co-autor. Além de saber tudo sobre teledramaturgia, Negrão é um ser humano admirável, generoso, bem humorado, divertido e otimista. Foi dele que recebi todo o precioso aprendizado técnico, toda a base necessária para agora poder seguir meu caminho próprio como autor. Sinto uma gratidão imensa pela confiança que ele depositou em mim e pelas grandes oportunidades que me deu. Meu trabalho favorito, em parceria com ele, foi “Desejo Proibido”, uma novela ágil, engraçada e emocionante.
RD1 - Como surgiu o convite para migrar para a Record e o que o levou a aceitá-lo?
Renato Modesto - Em 2001, quando eu estava há três anos na Globo, escrevi uma sinopse de novela que agradou à direção artística da emissora. Eu ainda era inexperiente e queriam que fosse supervisionado por um autor titular para desenvolver o projeto. Já conhecia Lauro César Muniz dos tempos em que ele presidiu o júri que premiou uma das minhas peças de teatro. Eu o procurei e, para minha satisfação, ele aceitou ser meu supervisor. A novela acabou não sendo produzida, mas esse contato serviu para fortalecer a amizade e o respeito que eu já sentia por ele. Anos depois, em 2011, o Lauro me procurou com a proposta de ajudá-lo a escrever sua nova novela na Record, “Máscaras”. Ele me apresentou à direção da emissora e fiquei entusiasmado com a proposta que me fizeram. Na Globo, eu ainda poderia demorar anos para virar autor principal, simplesmente porque lá há colaboradores ainda mais antigos do que eu que, provavelmente, teriam a oportunidade antes. Na Record, depois da honra de ser co-autor do Lauro, eu teria espaço para desenvolver projetos próprios, me tornando enfim autor titular. Esse argumento foi determinante para que eu tomasse a decisão de mudar de emissora. “Os Milagres de Jesus” é, para mim, a comprovação de que tomei a decisão certa.
RD1 - A Record já admitiu publicamente que está contendo gastos. Este ‘pé no freio’ atrapalhou “Os Milagres” de alguma forma? Você chegou a ter que reescrever cenas ou abrir mão de sequências por custos de produção?
Renato Modesto - Desde o início, a direção da Record me deu completa liberdade criativa, sem impor nenhuma limitação por motivos financeiros. Apesar do processo de reestruturação que está ocorrendo, o orçamento de “Os Milagres” sempre permaneceu intocado. Será uma grande produção.
RD1 - Como autor, qual é o seu principal propósito com “Os Milagres”? Além de entreter, você deseja que a minissérie transmita lições espirituais?
Renato Modesto - Sempre que escrevo, penso não só no entretenimento, mas também nos aspectos informativos, culturais e artísticos. É uma grande responsabilidade escrever para uma grande massa de espectadores. A ficção é diretamente relacionada à vida real, é dela que nascem os mais variados tipos de questionamentos para quem assiste. Ao falar de um tema de tamanha profundidade como os milagres de Jesus, é inevitável tocar em temas espirituais. Claro que não tenho a pretensão de ficar ditando regras ou lições morais, mas as ideias de paz, amor e fraternidade pregadas pelo Mestre estão naturalmente inseridas nas histórias narradas.
RD1 - Antes de ser autor, você era ator. Por que abandonou seu primeiro ofício e como ocorreu essa transição entre as funções? Em qual das carreiras você se considera mais bem-sucedido?
Renato Modesto - Gosto muito de trabalhar como ator e tive a oportunidade de contracenar, ao longo dos anos, com grandes nomes do teatro brasileiro. De quinze anos para cá, porém, comecei a me dedicar mais intensamente ao trabalho como dramaturgo e roteirista. É uma questão de foco, pois escrever exige muita atenção e não está sobrando tempo para ensaiar e fazer apresentações. Além disso, o trabalho como escritor é o que me deixa mais feliz nesse momento, o que me parece mais adequado ao meu temperamento e modo de vida atual. Isso não significa que eu não possa voltar a atuar em algum momento no futuro. Acho que ser bem-sucedido é viver daquilo que a gente gosta de fazer. Sendo assim, sou plenamente bem-sucedido nas duas áreas.
RD1 - Qual é a previsão de estreia da minissérie?
Renato Modesto - As gravações devem começar em outubro de 2013 e a estreia está prevista para o começo de 2014.
RD1 - Deixe um recado para os milhares de telespectadores que acompanharão a minissérie.
Renato Modesto - Coloquei muita dedicação e amor na criação de cada um dos episódios. Espero que, ao assisti-los, os telespectadores se divirtam e se emocionem tanto quanto eu ao escrevê-los.

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